OPINIÃO: “O que me lasca é a minha memória”

Eu considero o senador Veneziano um excelente orador. Recordo que ele e Cássio Cunha Lima me faziam parar para ouvi-los em seus pronunciamentos. Hoje, porém, não me deixo levar por palavras bonitas e bem articuladas; e não observo, apenas, a forma eloquente de falar, adotada, principalmente, por políticos, pois já tenho maturidade para observar se há verdade e coerência no discurso.

Para mim, Veneziano começou a perder a coerência quando deixou o MDB para, como um aproveitador, ‘pegar carona na onda girassol’ e se eleger Senador, apoiado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, que à época estava no PSB e lançava, como sucessor, o hoje governador João Azevedo, pensando ele, talvez, que sua ‘cria política’ lhe seria subserviente e lhe permitiria fazer um governo paralelo no estado.

O João que, antes, era ‘o melhor para a Paraíba’, HOJE não presta na boca de Ricardo Coutinho. Alvo da Calvário e inelegível – segundo alguns juristas -, RC quer voltar ao cenário como senador pelo PT.

Como escrevi em outro artigo aqui no blog, acredito que Vené deixou o MDB naquela ocasião por pura conveniência para garantir o salário no Senado. E conseguiu. Insatisfeito, agora, ele insiste como pré-candidato a governador – ainda com assento em Brasília -, em continuar garantindo o seu futuro político, a todo custo, trocando o assento no Senado pela cadeira no Palácio da Redenção.

Maranhão, o mestre de obras, morreu. E Vené não perdeu tempo: assumiu a liderança do MDB na Paraíba, ignorando, completamente, a história política e de lealdade de Roberto Paulino com o partido.

Na segunda-feira (21), ocorreu o lançamento da pré-candidatura de Veneziano ao Governo, quando o senador apareceu, novamente, aos abraços com Ricardo Coutinho, com quem até pouco tempo andou trocando farpas – tantas que não dá para listá-las. Há dois meses, por exemplo, a mulher de RC definiu Vené como “a falsidade em pessoa”. E agora, José? O povo esquece. Mas a internet, não.

Para ilustrar um pouco mais este artigo, eu reproduzo um recorte feito pelo blog Conversa Política, sobre as duras críticas que Ricardo fez a Vené, quando governador: “Veneziano é um jovem com uma mentalidade totalmente ultrapassada. Ele não consegue dialogar com nada que seja novo.”

O blog relembra também que o Veneziano, que estava sendo aplaudido por petistas na segunda-feira passada, foi ‘massacrado’ por eles por ter votado pelo impeachment de Dilma, quando deputado federal.

E entre as várias declarações de Veneziano contra RC, ele disse que “foi na base da promessa que o governador Ricardo Coutinho conseguiu ludibriar as expectativas dos paraibanos”.

Para o PT, o MDB é um partido golpista. Mas estão juntos de novo, assim como Veneziano, Ricardo e Luciano Cartaxo. O que os três têm em comum? Faziam oposição entre si, até um dia desse… Diante disso, pergunto: vocês querem brincar com a inteligência do povo?

Como acreditar em uma nova política, quando partidos dispensam ideologias e focam em conexões; e quando políticos também já não dão mais garantias em relação a coerência no discurso?

Não se engane: se a maioria dos políticos não consegue manter a palavra entre si; se eles ignoram a coerência entre prática e discurso para promover uma aliança de interesses, imagine se terão compromisso com o eleitor, que no Brasil só é visto no dia da eleição.

Como diria o lendário radialista Luiz Otávio, nessa crise de coerência política, “o que me lasca é a minha memória”. E se eu me esquecer, o Google não esquece – ele vai estar ai para lembrar depois. #Opinião


Biografia – Ikeda Gomes

Especialista em Telejornalismo e pós-graduando em Gestão de Empresas de Radiodifusão. Radialista, jornalista, radioamador (PU7FAB) e geógrafo. Loc/operador na Guarabira FM (Correio Sat), editor do cadernodematerias.com e redator e voz OFF da @ikedacomunicacao

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