
Pesquisadores divulgaram nesta quinta-feira (3) o estudo mais amplo já feito sobre a destruição causada pelas queimadas no Brasil. VÍDEO DO JN
O estudo inédito reuniu dados de satélite para mapear o impacto das queimadas nos últimos 20 anos no Brasil. O resultado é impressionante.
O fogo atingiu uma área equivalente a 18% do território nacional, 1,5 milhão de quilômetros quadrados. É quase o tamanho da Região Nordeste.
No momento da queimada, quase 70% das áreas atingidas pelo fogo estavam cobertos por vegetação nativa. Isso equivale a três vezes e meia o estado de São Paulo.
“As queimadas, na forma como elas acontecem no Brasil, são queimadas que saíram do controle. Elas também são – não podemos esquecer – fonte de gases de efeito estufa, que agravam o problema climático, e também de poluição que agrava os problemas respiratórios”, disse Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas.
Na maior parte dos casos, as áreas queimadas estavam dentro de propriedades privadas e assentamentos. É quando o fogo costuma ser usado para limpeza de pastagens, roçados e áreas recém-desmatadas.
Mas 18% das áreas atingidas eram dentro de unidades de conservação ou terras indígenas, fogo que, na maioria das vezes, começa em volta dessas áreas e se alastra.
Apenas na Amazônia, o que foi destruído pelo fogo em 20 anos corresponde a um estado do Maranhão. Em 60% dessa área queimada, os incêndios ocorreram duas vezes ou mais.
“O fogo na Amazônia não é um evento natural. Se a Amazônia seca, ela vai ter muita dificuldade de recuperar seu ciclo de águas, ciclo de chuvas tão importante para todo o país”, explicou Tasso Azevedo.
O problema das queimadas está longe de ser resolvido. Em 2019, a área atingida pelo fogo em todo o país aumentou 55% em relação ao ano anterior. Os biomas mais atingidos foram a Amazônia, o cerrado e principalmente o Pantanal, com um aumento de quase 1.000%.
O fogo destruiu em todo o país uma área equivalente ao estado do Paraná.
Para Luiz Aragão, chefe da Divisão de Observação da Terra do Inpe, esses dados podem ser usados para planejar melhor o combate às queimadas, além de outras medidas.
“A redução do desmatamento ilegal a zero é muito importante, o uso de tecnologias na produção agrícola levaria a uma redução do fogo também e o planejamento de intervenções sobre ecossistemas naturais, baseado em conhecimento científico, de forma a minimizar a potencial entrada do fogo nesses ambientes”.
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Fonte: Jornal Nacional, Globo.