Pré-candidatos com deficiência lutam para dar voz àqueles que não são ouvidos

Patrick Dorneles (Campina Grande) e Tica do Balanço (Pilõezinhos).

As eleições 2020 estão chegando, no entanto esse não é e não foi o assunto mais comentado do momento. A pandemia da Covid-19 chegou com tudo e acarretou grandes mudanças em todo o mundo, e uma delas foi o adiamento das eleições municipais no Brasil para o dia 15 e 29 de novembro.

A corrida eleitoral já começou, mas, de um jeito diferente. A maneira de se fazer campanha este ano desafia partidos, candidatos, autoridades e eleitores. Sai o tão comum corpo a corpo e entra a presença efetiva do mundo virtual.

Este novo cenário pode parecer desafiador para os pré-candidatos que precisam se reinventar para se aproximar dos eleitores, mas, desafiador mesmo é para os candidatos com deficiência. Se antes já enfrentavam muitas dificuldades para ter alguma representatividade, hoje, existe uma luta ainda maior em se manter no meio político.

Apesar da eleição de poucos candidatos com deficiência, alguns planos políticos apresentam propostas para combater o preconceito e garantir o direito das pessoas com deficiência.

Na cidade de Pilõezinhos no interior da Paraíba, Tica do Balanço, pré-candidato a vereador, é portador de paralisia infantil e com isso sente na pele o que é a falta de acessibilidade e de políticas públicas para pessoas com deficiência.

Com objetivo de dar voz àqueles que não são ouvidos, Tica busca garantir que mais direitos de cidadania sejam estabelecidos para esse grupo social. “Pretendo me reeleger para ir em busca de meus direitos como cidadão e portador de deficiência, não deixando de lado, ajudar as pessoas mais carentes”, disse.

“O maior desafio que encontrei até hoje, foi a questão da acessibilidade. Tenho dificuldade em estar me locomovendo. Sinto na pele e por isso preciso levantar a bandeira das pessoas com deficiência”, acrescentou, Tica.

Segundo o pré-candidato que está na política há 12 anos, ele nunca sofreu algum tipo de discriminação no meio político, mas acredita que as pessoas ainda deveriam ser mais humanas umas com as outras, principalmente na política. “As pessoas que não têm deficiência precisam ser mais humanas com nós, deficientes. Precisamos estar ali, para lutar pelos nossos direitos, pois os outros não pensam em nossa classe”, finalizou.

Saindo de Pilõezinhos, vamos até Campina Grande – PB, onde reside há 6 anos o Patrick Dorneles, de 23 anos, que é portador da síndrome mucopolissacaridose, uma doença rara que provoca erros de metabolismo por causa de uma informação genética incorreta.

Patrick está na política há aproximadamente 6 anos, mas, teve sua primeira experiência como candidato em 2018, quando concorreu ao cargo de deputado federal.

“Minha primeira filiação foi em 2014 e a primeira experiência como candidato foi em 2018 quando concorri a Deputado Federal e recebi quase 14 mil votos. Costumo dizer que foi uma grande vitória, apenas não obtive os votos suficientes para ser eleito. Hoje mais pessoas sabem o que são Doenças Raras e abraçaram a luta por mais Inclusão.E também entendem a necessidade de termos uma maior representatividade de pessoas com Deficiência e Doenças Raras”. disse, Patick.

O pré-candidato, ativista político em defesa da pessoa com deficiência e doença rara, acredita na importância da representatividade da pessoa com deficiência no cenário político. “O fato da luta pela Pessoa com Deficiência e Doença Rara, é que não é apenas uma bandeira, e sim a própria bandeira que empodera a causa, e leva para os parlamentos a vivência, a expertise de cada um”. enfatizou.

Patrick acredita que o maior desafio enfrentado é a inexistência de leis que garantam os direitos a tratamentos e assistência, ou o descumprimento de leis que já existem para pessoas com deficiência. “A exemplo da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que é uma das legislações mais ricas do mundo sobre Pessoa com Deficiência, mas mesmo após 5 anos em vigor, ainda precisa de regulamentação em muitos artigos para sua completa efetivação e ser mais respeitada”, concluiu.

Por Redação FontePB com Adriany Santos do Polêmica Paraíba

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